A imagem de casas é bastante presente na obra da artista visual paulistana Marcela Novaes. A casa pode ser vista como uma extensão do self. O self, na teoria do psiquiatra suíço Carl Jung, abrange o consciente e o inconsciente e pode ser traduzido em português como “si mesmo”. É o processo de integração da personalidade.
A casa pode representar os nossos desejos, gostos, humor, sentimentos de felicidade e aconchego, mas também de desassossego e não pertencimento. “Um tema que é nítido e recorrente é o da imagem e simbologia da casa. Mas acredito que esse tema seja apenas uma face do meu trabalho e que, antes disso, existe a busca por uma atmosfera enigmática, cenas que brinquem misturando sensações e sentimentos positivos, como o de familiaridade e conforto, com negativos, como o medo, a angústia e o perigo.” explica Marcela.
Confira abaixo a entrevista completa com a artista:
Poderia fazer uma breve apresentação sua?
Me chamo Marcela, tenho 29 anos e sou paulistana. Trabalho atualmente como artista visual e como professora de artes da rede pública municipal de São Paulo.
De onde vem suas maiores inspirações?
Costumo receber estímulos de fontes bem aleatórias. Costumo me inspirar a partir da observação de animais, vegetais e de paisagens, a partir de sonhos, de propagandas, produtos em lojas e supermercados, trabalhos de outros artistas, técnicas diferentes, filmes, tecidos.
Mas, ao mesmo tempo em que as ideias chegam com facilidade, elas também vão embora da mesma forma. Por isso mantenho o hábito de anotar tudo. E ainda assim tenho dificuldade de colocar tudo no papel e criar coerência.
Imagem: Marcela Novaes
Você fez algum curso de artes ou é totalmente autodidata?
Eu me formei em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Londrina, em 2016. Hoje também estou cursando a especialização em Artes na Pedagogia Waldorf.
Como você descreveria a estética do seu trabalho?
Cores vivas e opacas, formas bem delimitadas, pouca profundidade, perspectivas meio tortas. Uma mistura de observação com imaginação, de naturalista com cartum, talvez?
Imagem: Serra, rastro e fogo no gelo
O que você mais gosta de fazer quando não está trabalhando?
Gosto de estar ao ar livre, seja na natureza ou na cidade, mas especialmente caminhando sem rumo e sem hora pra voltar, de olhar bem atento. Correr também é uma das coisas que mais gosto de fazer.
Na sua visão, qual o papel do artista hoje em dia?
Depende muito do tipo de trabalho artístico e do tipo de atuação que esse artista faz no mundo e/ou em sua própria vida. Em minha visão, na arte contemporânea é difícil definir um papel que contemple a todos os artistas, porque cada um tem suas particularidades e maneiras de trabalhar.
Mas, apesar dessa diferença, talvez o que ainda una a todos, ou maioria, seja o ato de estabelecer uma comunicação de mão dupla entre o mundo externo e sensorial com o suprassensível e, também, de estabelecer uma relação entre seus mundos internos com os mundos internos dos fruidores.
Imagem: guache acrílica sobre papel 22x21cm
Qual o principal tema que atravessa as suas obras?
Um tema que é nítido e recorrente é o da imagem e simbologia da casa.
Mas acredito que esse tema seja apenas uma face do meu trabalho e que, antes disso, existe a busca por uma atmosfera enigmática, cenas que brinquem misturando sensações e sentimentos positivos, como o de familiaridade e conforto, com negativos, como o medo, a angústia e o perigo. Acredito que a paisagem tenha parte importante nessa temática também.
Qual o seu maior sonho(s)?
O maior deles é o de poder viajar o mundo e conhecer de perto as diversas paisagens e culturas que existem no planeta.
Imagem: sem título, guache sobre papel 20x23cm
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