Por: Geórgia Ayrosa
Felco traz ao seu trabalho ideias centrais de leveza, simplicidade e oposição ao excesso. Formado em publicidade, abandonou a área para começar a se dedicar à fotografia e descobriu uma paixão: fotografar arquitetura e interiores.
Conversamos com ele para entender melhor sobre sua história com a fotografia, inspirações, dicas para quem está começando na profissão e muito mais! Confira:
Quando o seu interesse pela fotografia surgiu?
O meu primeiro contato com fotografia foi cedo, através do meu pai, que tinha uma câmera e em algumas das minhas primeiras memórias, lembro dele fotografando.
Ele me ensinou quando eu ainda era bem pequeno a lógica de funcionamento da câmera e eu fiquei fascinado.
Na época aquilo para mim era como um brinquedo, que fazia fotos que eu adorava ver e que me permitiam acessar registros de um tempo anterior ao meu nascimento, achava e ainda acho isso mágico.
A relação com a fotografia foi evoluindo com o tempo, descobri que meu bisavô era fotógrafo, tive aulas de fotografia na faculdade e, durante toda a adolescência, adorava registrar tudo com a câmera da minha irmã e esperar pela surpresa de revelar o filme. Mas só percebi a fotografia como uma profissão já adulto, foi a Pri, minha parceira na época, que também fotografava, quem me deu todo o apoio necessário para estudar e a partir daí pude me desenvolver e me dedicar a fotografia em tempo integral.
De onde vem suas maiores inspirações?
Acho que de todo lugar e isso é o mais divertido.
Para mim tudo é imagem, minha memória é visual, ouço músicas e visualizo imagens, leio livros e imagino cenas e isso tudo vira inspiração.
Mas de forma mais direta, as maiores fontes de inspiração são a própria fotografia e o cinema. Assisto muitos filmes, vou a exposições, adoro fotolivros e acompanho o trabalho de diversos fotógrafos.
Como conheceu o Histórias de Casa?
Conheci o Histórias através do instagram, na sequência descobri o blog e virei fã. Eu acompanhava de perto o trabalho delas, achava demais esse lance de visitar a casa das pessoas, adorava a curadoria e a estética delas tanto nos textos como nas imagens.
Até que surgiu a oportunidade de fotografar pro Histórias e desde então tenho o prazer de fazer parte dessas visitas e de conhecer tanta gente bacana.
Como você descreveria a estética do seu trabalho?
Confesso que penso menos nisso do que talvez devesse.
Mas entendo que a estética do meu trabalho acaba seguindo e é criada a partir do que eu gosto e da minha forma de me posicionar no mundo.
Então acredito que tanto a estética do meu trabalho autoral como a que busco na fotografia de arquitetura e interiores, naturalmente seguem as ideias centrais de leveza, simplicidade e oposição ao excesso.
Penso que estamos vivendo um período de super valorização do excesso, principalmente estético, e procuro ir na contra mão disso.
Busco me comunicar e fotografar de forma mais simples, direta e evito exageros e excessos de todo tipo, seja na criação das imagens em si, como na quantidade de postagens, por exemplo.
O que você mais gosta de fazer quando não está trabalhando?
Eu gosto muito de andar, de me meter em cenários diferentes que só são possíveis quando se está a pé, seja na cidade ou na natureza.
Mas também adoro ver filmes, ir ao teatro, ao balé, a shows, dançar.
Acho que busco me colocar em contato com a beleza, com o que me emociona e isso na verdade é algo que serve tanto para o lazer como para o trabalho.
Como costuma ser a pós-produção do seu trabalho?
Há uma pequena diferença aqui entre o trabalho que faço pra mim e o trabalho comercial.
No trabalho autoral tento chegar a um resultado praticamente sem pós-produção, me esforço pra resolver tudo no momento da foto, através da escolha do tipo de filme, do equipamento, da iluminação, do horário do dia, etc, e neste caso também estou mais aberto para lidar com o que encontro e com o acaso.
Já no trabalho comercial há uma necessidade maior de ajustes e pós-produção, mas que ainda assim sempre busco obter o resultado mais natural possível e próximo ao que vivenciei no momento da foto. Então evito o uso exagerado de ferramentas digitais de edição e manipulações excessivas nas imagens.
Qual dica você daria para quem está começando agora na fotografia?
Persistência.
Como qualquer segmento artístico no Brasil, é uma luta e temos que insistir. Com insistir quero dizer uma década ou mais.
E enquanto isso, buscar se fortalecer estudando, experimentando, se colocando em contato com o que te emociona e em contato com o que acha belo.
E é uma ótima ideia também ampliar ao máximo as fontes de renda, seja dentro da fotografia ou não. Isso te dá mais liberdade para pensar e criar aquilo que você acredita sem muitas concessões.
Qual o seu maior sonho(s)?
Me comunicar, experimentar, dançar bastante, interagir o máximo possível, ficar velho e morrer tranquilo.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Felco, acesse: