Conheça os bastidores do videoclipe da banda Hot Chip dirigido por Alice Kong

Fazer animação em argila é sempre um desafio, mas os resultados valem a pena. Aqui, a diretora francesa Alice Kong nos conta como foi produzir o videoclipe e as lições que aprendeu ao longo do caminho.

Alice Kong estudou fotografia na renomada escola Gobelins, em Paris, e ouvia que era necessário aprender fotografia antes de aprender a dirigir filmes – “como se precisássemos seguir um passo a passo para sermos criativos!” ela diz. Porém, a longo prazo, esse “equívoco” agiu a favor da diretora francesa. Foi nessa escola que ela teve acesso ao equipamento usado para filmar seu primeiro curta-metragem e seu primeiro videoclipe para a cantora francesa Charline Mignot.

Alice está sempre dando o próximo passo em sua carreira. E dessa vez não foi diferente: liderou o mais recente projeto do grupo inglês de synth pop Hot Chip. “Eu estava mudando a direção das campanhas e queria trabalhar num campo mais criativo”, explica. “Sempre tive um grande interesse por animação, mas não entendia nada sobre (ainda não entendo muito!). Eu pensei que era um próximo passo que eu não poderia dar ainda.” Foi amor à primeira escuta quando Alice ouviu a nova faixa da banda Hot Chip. “Fiquei tão inspirada pela música que a história veio até mim imediatamente e escrevi o roteiro em uma ou duas horas.” Ao assistir o videoclipe, a empolgação da diretora não poderia ficar mais evidente. “Surpreendentemente, descobri que adoro escrever roteiros para animações e mal posso esperar para dirigir mais”, conta Alice ao It’s Nice That.

Alice Kong/Partizan: Hot Chip, Eleanor (Copyright © Domino Recording Co Ltd)

Apesar de Alice já ter feito trabalhos de live-action para campanhas da Gucci, Sonia Rykiel e Hermes, entre outras, a animação ainda era um campo totalmente novo. “Escrevi como se fosse um live-action, mas aprendi rapidamente quais são as diferenças entre os dois”, explica. Por exemplo, moldar as mãos para que estas sejam maleáveis, é uma das tarefas mais difíceis. “Também aprendi que animação exige que você trabalhe com várias escalas de marionetes e cenografia, o que eu também não fazia ideia.” Isso significa que há várias versões de cada elemento visual para obter cenas específicas. Alice entrou em um campo imprevisível, mas cheio de boas surpresas, “adaptação constante e busca de soluções criativas para conseguir transmitir a mensagem da cena”.

Para uma das cenas, Alice explica: “Juntei a personagem gigante Eleanor com prédios minúsculos (em diferentes escalas!). Agora, mesmo totalmente consciente do escopo criativo da argila e se divertindo muito, Alice ainda teve que lidar com as limitações particulares da técnica. “Cada segundo conta”, explica ela. “A iluminação leva muito mais tempo do que a ação ao vivo, você só pode trabalhar com luzes específicas porque muitas variam de temperatura com o tempo ou podem fazer a argila derreter.” É um processo que definitivamente levou algum tempo para se acostumar, mas Alice ainda encontrou espaço para adicionar algumas pistas nas cenas, fazendo referência à banda e à música. Se olhar de perto, você pode encontrar, por exemplo, uma foto com referência ao diretor de teatro irlandês Samuel Beckett.

A história é, em sua essência, uma abordagem sobre auto-realização e estar no controle. Repleta de humor e charme, Alice conta: “Quis passar essa mensagem de uma forma divertida e quase caricatural, com um enredo muito simples, quase como uma história de livro infantil.”
Alice Kong/Partizan: Hot Chip, Eleanor (Copyright © Domino Recording Co Ltd)

Texto: Roz Jones

Roz (ele/dele) entrou na It’s Nice That como assistente editorial em outubro de 2022, depois de se formar em Magazine Journalism and Publishing na London College of Communication. Seus principais interesses são publicações, arquivos e design multimídia.

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