Por: Marcos Amazonas
“Quando a violência mata a confiança, a arte é o espaço em que a confiança no outro e, por tabela, do próprio ser no mundo, pode ressurgir.”
A frase acima é do artista, filósofo, escritor e psicanalista Bracha L Ettinger e foi dita em uma entrevista ao jornal americano The New York Times, em 2016, em que ele também pontua; “A arte trabalha em direção a um espaço ético onde podemos encontrar vestígios da dor dos outros por meio de formas que inspiram nossos corações e mentes, sentimentos e conhecimento. Acrescenta uma qualidade ética ao ato de testemunhar. Ao confiar na pintura como verdadeira, você se torna uma testemunha dos efeitos de acontecimentos que não vivenciou diretamente, toma consciência dos efeitos da violência contra outros, agora e na história — uma testemunha de um acontecimento do qual não participou e uma proximidade com aqueles que você nunca conheceu.”
Importante também citar o professor titular da Unicamp em História da Arte e História da Cultura, Jorge Coli, que em uma conferência comentou que a violência e a agregação são forças que se equilibram; “De um lado está Vênus, Eros, que agrega, harmoniza e fecunda, e do outo está Marte, Anteros, a força da violência e da destruição.
Ele ressaltou que a violência é brutal e que a arte tem duplo papel: “A arte nos oferece formas tremendas de violência, mas também de alívio, prazer, ação e tudo isso em conjunto nos faz pensar o complexo mundo em que nós vivemos. O papel da arte é ao mesmo tempo o da denúncia”, disse.
Vamos apresentar o trabalho de 5 artistas sobre este tema. Dois, atuais, Bansky e Kent Monkman e outros três: Dali, Picasso e Goya
Um ótimo exemplo de artista atual que dá voz ao espectador é o grafiteiro Bansky. A imagem acima faz parte de uma série de trabalhos que chamou a atenção para a crise dos refugiados e critica o uso de gás lacrimogêneo no campo de refugiados de Calais, na França.
O grafite — representando Cosette, a jovem heroína do romance Les Misérables, com lágrimas nos olhos do gás lacrimogêneo usado em campos de refugiados — apareceu da noite para o dia em frente à Embaixada da França em Londres.
A arte era interativa. Embaixo da imagem havia um QR Code, aquele código “quadrado” legível pela câmera do celular, que remetia os espectadores a um vídeo online de uma batida policial no campo de refugiados.
Bansky esteve recentemente na Ucrânia e lá deixou novas obras em grafite sobre o impacto da guerra na vida das pessoas.
Kent Monkman – The Scream (2017)
A pintura chocante do artista canadense Kent Monkma simboliza a indignação e o luto após a descoberta de restos mortais de crianças indígenas em valas comuns no Canadá. Ela retrata uma cena caótica; mães são detidas pela Real Polícia Montada do Canadá enquanto se jogam tentando pegar os filhos que foram arrancados de seus braços por freiras e padres católicos.
A cena sintetiza a angústia da história real da política de assimilação cultural forçada que tirava crianças indígenas de suas famílias e as levava para internatos, onde uma série de outros abusos, físicos e sexuais, aconteciam.
A prática vigorou de 1880 a 1990, liderada pela Igreja Católica com a aprovação do governo canadense.
Dali – A Face da Guerra
A pintura chocante do artista canadense Kent Monkma simboliza a indignação e o luto após a descoberta de restos mortais de crianças indígenas em valas comuns no Canadá. Ela retrata uma cena caótica; mães são detidas pela Real Polícia Montada do Canadá enquanto se jogam tentando pegar os filhos que foram arrancados de seus braços por freiras e padres católicos.
A cena sintetiza a angústia da história real da política de assimilação cultural forçada que tirava crianças indígenas de suas famílias e as levava para internatos, onde uma série de outros abusos, físicos e sexuais, aconteciam.
A prática vigorou de 1880 a 1990, liderada pela Igreja Católica com a aprovação do governo canadense.
Picasso – Guernica
Em 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, Franco convidou a Legião Condor nazista para lançar bombas sobre uma pequena cidade, Guernica, que era símbolo da independência basca.
Na impactante pintura a óleo sobre tela de Picasso sobre as consequências do bombardeio, civis gritam em agonia; membros estão espalhados por toda parte. Violência e dor gritam por meio da tela.
Goya – 3 de maio de 1808
O pintor, foi profundamente afetado pela desilusão que viu durante a invasão napoleônica da Espanha em maio de 1808, a fome generalizada entre os civis e sua resistência e posterior execução nas mãos das tropas de Napoleão. Mas foi a maneira como Goya abordou a pintura que sugeriu que o pintor estava se concentrando em uma mensagem universal e atemporal. As tropas, com armas apontadas diretamente para o povo, não têm rosto. Muitos dos civis cobrem o rosto. Eles podem pertencer a qualquer país e a qualquer época.