A artista recebe o prêmio pela “maneira intimista e poética de trabalhar a linguagem da escultura”.
“Poder! Visibilidade! Somos pessoas visíveis”: foi com estas palavras que Veronica Ryan aceitou o Turner Prize 2022, um dos prêmios de artes visuais mais conhecidos do mundo. A escultora, cujo trabalho mais recente junta objetos encontrados no lixo com materiais de arte – explorando temas como deslocamento, história e perda – foi indicada tanto por sua exposição individual em Spike Island, Along a Spectrum, quanto por Windrush Artwork Commission, em Hackney. Esta última é a primeira obra de arte pública do Reino Unido a celebrar a geração Windrush.
Instalada em 2021, a Windrush Artwork Commission apresentava esculturas de bronze e mármore representando três frutas caribenhas: fruta-do-conde, fruta-pão e graviola. Em conversa com a Tate, a artista contou a história por trás do trabalho: “Meus pais vieram para a Inglaterra nos anos 50, então tenho memórias de quando ia ao Ridley Road Market, principalmente porque minha mãe sempre ia encontrar seus amigos. É interessante ter escolhido essas frutas em particular porque era o que minha mãe comia quando estava grávida de mim. Gosto da ideia de ter “internalizado” a fruta-do-conde, fruta-pão e graviola em particular.”
Veronica Ryan (Copyright © Holly Falconer)
O júri do Turner Prize elogiou Ryan pela “mudança perceptível em seu uso de espaço, cor e escala tanto em galerias quanto em espaços públicos”, afirma um comunicado de imprensa da Tate. A artista recebeu o prêmio no St George’s Hall, em Liverpool, no dia 7 de dezembro, afirmando: “Muito obrigada, não preparei nada porque isso é muito intimidador e já estou nesse meio há muito tempo […] Tenho algumas pessoas em minha carreira que cuidaram de mim quando eu não tinha visibilidade e estava trabalhando com materiais do lixo, coletando estes por vários anos. Mas, na verdade, alguns desses trabalhos são algumas das minhas obras mais importantes.”
Os artistas finalistas do Turner Prize 2022 incluem Heather Phillipson, Ingrid Pollard, Veronica Ryan e Sin Wai Kin. “Todos superaram os limites da exploração material ao desvendar as complexidades do corpo, da natureza e da identidade”, continua o comunicado da Tate. A exposição com os quatro artistas ficará em cartaz na Tate Liverpool até 19 de março de 2023.
A exposição de Ryan em Spike Island, Along a Spectrum, abordou temáticas de história, deslocamento e questões sócio-políticas por meio de obras em bronze, argila, tecidos costurados e tingidos de chá e bolsas feitas de linha de pesca em crochê e neon brilhante, cheias de sementes, caroços de frutas e peles”, explica o site da Spike Island.
Na Windrush Artwork Commission, Ryan acrescenta em sua conversa com Tate: “Toda vez que estou em Hackney, fico fascinada porque as crianças sentam e sobem nas obras e eu realmente gosto que haja o lado mais sério sobre o trabalho, mas contanto que depois haja a possibilidade de brincar e que as crianças aprendam sobre estruturas e esculturas, sobre alimentos da terra de seus pais, se conectando com as obras em diferentes níveis.”
Turner Prize 2022: Veronica Ryan Installation View at Tate Liverpool 2022 (Photo copyright © Tate Photography, Matt Greenwood)
Texto: Liz Gorny
Liz (ela/eles) ingressou no It’s Nice That como redatora de notícias em dezembro de 2021. Depois de se formar em Cinema pela Universidade de Bristol, trabalhou como freelancer, escrevendo para publicações independentes como Little White Lies, revista INDIE e estúdio de design Evermade.
Imagem de capa: Veronica Ryan (Copyright © Holly Falconer)
Para mais informações: www.tate.org.uk
Se você quer ler mais histórias inspiradoras sobre criatividade, acesse www.itsnicethat.com
It’s Nice That newsletters: www.itsnicethat.com/newsletters